A COOPERAR NOS ENTENDEMOS

A proclamação, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, de 2025 como Ano Internacional das Cooperativas, sob o tema “Cooperativas constroem um mundo melhor”, é algo que naturalmente saudamos e nos convida a reflectir. Tanto mais que o Crédito Agrícola é o único Grupo Financeiro Cooperativo português.
Fundado em 1911 com a constituição de Caixas Agrícolas locais, o Banco surgiu para responder a uma necessidade efectiva dos agricultores, à data de financiarem a sua actividade, cujo sistema bancário desconsiderava e não permitia a modernização e o desenvolvimento do sector. Foi na agricultura e no mundo rural que o Crédito Agrícola nasceu e a sua história se consolidou, sempre em parceria com as pessoas que fizeram e fazem do seu modo de vida a agricultura. A importância das Caixas Agrícolas, tão significativa e essencial, é fonte de desenvolvimento rural e garante de redução de assimetrias regionais.
O que diferencia o Crédito Agrícola das instituições financeiras tradicionais é, desde logo, a sua característica cooperativa. O poder está nas pessoas e não no capital. As decisões são locais, sob orientação concentrada da Caixa Central, numa organização em pirâmide invertida: são as Caixas Agrícolas que estão no topo da hierarquia e não a Caixa Central, porque esta é totalmente detida pelas suas Caixas Agrícolas Associadas.
O modelo cooperativo tem, de facto, um papel insubstituível na economia dos países e especialmente em Portugal. É graças ao sistema de Caixas Agrícolas que muitas populações locais continuam a ver assegurado o acesso aos serviços bancários, cada vez mais deslocalizados por parte de outras entidades públicas e privadas. Por isso, é necessário que os reguladores percebam as características e especificidades das Caixas Agrícolas e olhem para elas como parte da solução para o desenvolvimento local e regional, e não apenas como instituições de crédito obrigadas, naturalmente, a uma gestão sã e prudente.
Os resultados obtidos e o crescimento do Grupo são a prova de que o modelo cooperativo é sustentável e deve ser defendido. As exigências regulatórias, insisto, devem ser as adequadas a esta realidade, embora o Crédito Agrícola tenha respondido a todos os desafios.
A concorrência é bem-vinda, é salutar e faz-nos despertar para fazermos cada vez mais e melhor. Assim continuaremos a cumprir a nossa missão e o nosso propósito de “Banco nacional com pronúncia local”, a cooperar com o futuro de Portugal como nós bem sabemos.

Licínio Pina
Presidente do Grupo Crédito Agrícola