1 de Janeiro 2020

Inovação Amiga da Floresta

João Ladeira, 34 anos, fundador e CEO da start-up portuguesa LADSensors, sublinha o que de mais relevante, desde a atribuição do prémio, vem marcando a evolução do Forest Supervisor, sistema de detecção de fogos florestais, que analisa temperatura, humidade, CO2, direcção e velocidade do vento. Explicando melhor, através de sensores de inteligência artificial que detectam e prevêm fogos 24/7, esta é uma solução de fácil instalação, com grande raio de abrangência (300m vs. 20m convencional) e bom equilíbrio entre custo e eficácia.

Neste contexto da gestão sustentável, importa dizer que cada dispositivo é servido de um painel solar, garantia de autonomia energética. Com capacidade de comunicação de dados via wireless a uma unidade central que pode estar instalada a mais de 15 km de distância, os sensores conseguem detectar com precisão a localização do fogo e, desde logo, alertar as entidades competentes.

“Já conseguimos finalizar e publicar a nossa patente PCT na WIPO [Organização Mundial da Propriedade Intelectual], assim como melhorar os nossos algoritmos, tanto na rapidez de processamento assim como na melhoria dos seus resultados. Prevemos também a instalação de mais sensores e a execução de testes em escala real”. No âmbito da inteligência artificial, que é motor e ‘alma’ do projecto, os atributos distintivos – e por isso competitivos – do Forest Supervisor passam, nesta fase, pela implementação de redes neuronais recorrentes LSTM [memória de longo prazo], de forma a garantir que “a nossa detecção é adaptativa relativamente aos vários períodos do ano e às vastas alterações climáticas que afectam todo o Globo”. Apontando, no fluir da conversa, para as próximas campanhas de fogos florestais, João Ladeira antecipa-nos que espera ter sensores já instalados neste Verão, em zonas de risco como o Norte de Portugal. Trata-se de uma geografia onde os dispositivos do Forest Supervisor poderão detectar e monitorizar fogos florestais reais e com uma abrangência de detecção em maior escala.

No que reporta à captação de clientes, condição indispensável para a sustentabilidade do projecto, as maiores expectativas do CEO da LADSensors recaem no sector privado, especialmente nas empresas de produção de papel, assim como nas que incentivam a preservação dos nossos patrimónios florestais, de que é exemplo o projecto Brasil Mata Viva”. Já quanto a entidades que operam na esfera pública, João Ladeira assinala que, graças à sua parceria com a Visualforma, empresa tecnológica que actua no âmbito da protecção civil, há já alguns Municípios interessados em executar experiências-piloto com o Forest Supervisor, tais como Monchique, Lamego e Almodôvar. Na reafirmação dos argumentos que enfatizam a dimensão competitiva do projecto, tanto a nível nacional como internacional, o líder da LADSensors identifica a existência de outros sistemas de deteção de fogos florestais baseados em câmaras, “mas que têm um elevado custo e limitações na detecção, ao contrário do nosso sistema, que possui facilidade de escalabilidade e fiabilidade a longo prazo, assim como um custo reduzido de implementação e de manutenção”.

Não faltam, assim, pontos de apoio ao argumentário desta start-up portuguesa que espreita já outras latitudes para o Forest Supervisor, tal é o interesse crescente vindo de vários países, como a Grécia, o Irão, a Letónia e o Brasil. As competências da LADSensors e a experiência que vai resultando deste seu projecto inicial, para onde se focalizam todas as atenções e prioridades estratégicas, não deixam de sinalizar outras oportunidades de negócio. Das ideias e projectos em cogitação, ressaltam os sensores para avaliação da qualidade da água em rios, tendo por suporte um sistema que facilmente poderá ser instalado e utilizado, sobretudo, nos países em desenvolvimento. João Ladeira, a seu tempo, dará novidades…