1 de Abril 2019

Porque o Futuro é o Mais Importante

A ideia, distinguida com o Prémio Empreendedorismo e Inovação CA 2018, na categoria Inovação em Consórcio, é minimizar a utilização de químicos no contexto da produção agrícola, tendo como alternativa combinados (misturas) de sementes que, proporcionando bons níveis de produtividade aos agricultores, assegurem simultaneamente a saúde das terras em várias culturas – numa fase inicial e experimental tendo por referência monoculturas, sobretudo batata, milho e tomate. 

"Os potenciais utilizadores das soluções que este projecto está a testar no terreno [e assim acontece nos campos-piloto no Ribatejo, Golegã, Salvaterra de Magos e Vila Franca de Xira] vão, esperamos nós, mudar a sua forma de produzir ao concordarem que os químicos não são o único caminho", sublinha Ana Paula Nunes, coordenadora do grupo operacional do projecto MaisSolo e responsável da área de horticultura do COTHN – Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícula Nacional, sediado em Alcobaça. É curioso notar que o conhecimento ancestral em torno de algumas técnicas e práticas culturais, principalmente quando a forma de produzir não era tão intensiva, veio conferir importantes ensinamentos à investigação e desenvolvimento de novas soluções no âmbito do projecto MaisSolo. "O nosso propósito é adaptar boas práticas do passado à realidade do presente, porque o futuro passa mesmo por aí. Em concreto e na linha do trabalho que está em curso um pouco por toda a Europa, num espaço e num tempo em que emerge a necessidade de se identificarem bioindicadores – o que passa, só para dar um exemplo, por saber quantas minhocas existem no solo... –, estamos a tentar apurar e quantificar as mais-valias que podem resultar desta abordagem, em termos de sustentabilidade ambiental e económica", explica Ana Paula Nunes.

O projecto MaisSolo percorre diferentes etapas, desde o desenho de protocolos à delimitação e instalação dos campos-piloto, sendo certo que a partilha e divulgação do conhecimento entretanto produzido acontecem em simultâneo, seja no âmbito das reuniões do grupo de trabalho, seja nas reuniões mais alargadas, para terminar no apuramento dos resultados finais e respectiva apresentação pública em seminário. "Neste momento já estamos a ter uma aproximação àquilo que serão as sementes mais adequadas às culturas de cobertura", destaca Ana Paula Nunes, revelando que em termos de contributo para a biodiversidade do solo "os resultados preliminares obtidos têm sido excelentes".

Neste segundo ano de avaliação, é já possível confirmar as tendências sinalizadas no primeiro ano (que foi mais curto, no que reporta à agenda do projecto). Entretanto, os parceiros do consórcio olham cada vez mais para 2010 – e, obviamente, com alguma ansiedade... "Significa que o nosso trabalho corre, galopante, para o fim; de acordo com a candidatura, o projecto tem de estar formalmente concluído no próximo ano. A boa notícia é que, justamente graças ao Prémio CA, teremos condições para manter a equipa a trabalhar por mais um ano e, assim, continuar a consolidar resultados". 

O Crédito Agrícola só pode, naturalmente, partilhar dessa satisfação e desejar os maiores sucessos aos vários parceiros do MaisSolo que, nas suas diferentes competências, estão a lançar novas sementes de conhecimento para o futuro da agricultura.


*Escola Superior de Agricultura de Santarém (ESAS) do Instituto Politécnico de Santarém, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), Agromais, Torriba, Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícula Nacional (COTHN), Sociedade Agrícola da Herdade das Malhadinhas, Sociedade Agrícola São João de Brito e Fertiprado, Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutos e Hortícolas