1 de Dezembro 2025

Era uma vez a Escola feliz

No contexto do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo, 20% das crianças apresentam sintomas de ansiedade e depressão. Em resposta, surgiu o Agro Kids. Duas palavras e uma evidência: as actividades agroeducativas ajudam a combater esses sinais. Está de parabéns a Associação de Desenvolvimento Regional Integrado das Terras de Santa Maria (ADRITEM), que tem este seu projecto entre os vencedores do Concurso Dia CA Mais Sustentável 2025.

 

Sucedem-se os estudos a apontar os benefícios do contacto com a Natureza para o desenvolvimento socioemocional, bem-estar e higiene mental e socioafectiva das crianças. Perante este cenário, o Urban Farmers Kids, ou simplesmente Agro Kids, é a resposta da ADRITEM à urgência de intervir na saúde mental infantil, alinhada que está com a Estratégia Urban Farmers, na esfera do Município de Vila Nova de Gaia, através de um projecto-piloto lançado em 2018.

O compromisso estratégico então assumido pela autarquia foi promover a sustentabilidade ambiental, a agricultura urbana sustentável e a melhoria da qualidade de vida da comunidade, através do acesso a produtos locais e sazonais, do contacto directo com a Natureza e dos benefícios da agroterapia. Nem mais.

A ideia do Agro Kids é sublinhar, que o mesmo é dizer sublimar, a importância-chave das actividades agroeducativas para fortalecer a resiliência e a autoestima, além de criar hábitos saudáveis e competências de socialização, promover a paciência, a escuta activa, a auto-regulação e a gestão da frustração.

“Mais que um projecto educativo, o Agro Kids é um convite a beber directamente de uma fonte inesgotável de inspiração e conhecimento. As crianças descobrem, com encanto e curiosidade, soluções baseadas na Natureza [SbN] e aprendem a viver os valores da sustentabilidade, da cooperação e do equilíbrio”, faz notar Teresa Pouzada, directora não-executiva da ADRITEM.

O propósito desta bonita e pertinente aventura abre também caminho ao diálogo intergeracional e comunitário, em que crianças, famílias e profissionais educativos se unem para “trabalhar” e preservar a Natureza. Estão previstas acções específicas para pais, educadores e auxiliares, que incluem workshops de capacitação para a parentalidade positiva, sessões de relaxamento e bem-estar e oficinas gastronómicas com produtos locais e sazonais, reforçando a importância de estilos de vida saudáveis e equilibrados.

Teresa Pouzada vê o Agro Kids como ferramenta de transformação social, tornando a escola num verdadeiro laboratório de sustentabilidade e bem-estar colectivo. “Procuramos”, sublinha, “que as crianças desenvolvam, desde cedo, a consciência de que plantar, cuidar da terra e compreender os ciclos naturais não são apenas actividades lúdicas, mas competências essenciais para um futuro mais resiliente, sustentável e menos dependente de factores externos. Com isso, o projecto reforça o papel da educação agroambiental como base para a formação de cidadãos mais preparados para os desafios sociais, ambientais e alimentares das próximas décadas”. De acordo com o cronograma, encontra-se concluída a fase de planeamento das actividades nas escolas seleccionadas. Neste momento, o projecto está em fase de implementação, com as hortas já instaladas em turmas do pré-escolar e do 1.º ciclo.

Numa fase posterior, prevê-se a possibilidade de alargar a experiência a outras escolas da região, estabelecer novas parcerias e reforçar as acções de acompanhamento junto da comunidade educativa, promovendo a consolidação e sustentabilidade da iniciativa.

Neste capítulo, os responsáveis do Agro Kids anteveem uma melhoria dos índices de regulação emocional e social das crianças, fruto, justamente, do aumento da ligação à Natureza e da adopção de hábitos alimentares saudáveis. A longo prazo, prevê-se um incremento do sucesso escolar e um menor risco de ansiedade e depressão infantil.

Está de parabéns a ADRITEM. Uma instituição agradecida ao Crédito Agrícola pela distinção obtida no Concurso Dia CA Mais Sustentável 2025. “O reconhecimento público do impacto social e ambiental da Associação e da credibilidade da abordagem deste seu projecto que valoriza o papel da agricultura educativa como ferramenta de saúde mental e sustentabilidade nas escolas”, conclui Teresa Pouzada. Sem dúvida.