Surfista

Santiago Graça

"Na nossa onda."

Surfista

Santiago Graça

"Na nossa onda."

Cultura de sustentabilidade, patrocínios sustentáveis. Esta é a nossa onda. Uma vaga que veio para se manter em movimento contínuo, dinâmico, sem se desfazer na espuma dos dias. O tal compromisso que partilhamos no CA em nome do futuro. Uma atitude que se traduz e potencia em inúmeros projectos, iniciativas, parcerias. Neste caso, com o surfista Santiago Graça. Aos 15 anos, celebrados a 9 de Outubro, natural de Cascais e a viver no Estoril, o jovem Santi, como é já reconhecido e aplaudido pela comunidade que acompanha este desporto tão amigo do ambiente, juntou-se a nós recentemente, numa porta que se abriu nas redes sociais, via Instagram, através das “Dicas do Santiago”. Um prodígio no surf e na vida. A mostrar como se faz para ganhar. Desde logo, o respeito pela Natureza. De Peniche ao Hawai. Sem medo de enfrentar o desafio de ser feliz. E depois, a coroar tudo isto, lá vêm as conquistas, os troféus e as medalhas de um pequeno-grande campeão. Com o mundo inteiro à sua frente, à sua espera

 

Apetece dizer, logo a abrir, que filho de peixe sabe… surfar. É que o pai, antigo praticante e hoje dedicado inteiramente ao ensino do surf, desde cedo levou os filhos a enfrentar as ondas e a vertigem dos tubos que levam a prancha a correr para a evasão em estado puro e… líquido, quando a vaga se dissolve. Voltando à prole: o primeiro a chegar foi o Bruno, hoje com 28 anos e a trabalhar como designer gráfico em Amesterdão; depois, veio o Gonçalo, que tem 25 e é gestor hoteleiro em Portugal; finalmente, há 15 anos, surgiu o Santiago, para completar o trio. E, é bom de ver, para gáudio da mãe, Mónica, e do pai, Miguel, progenitores de três rapazes que, com os pés bem assentes na terra, em termos de valores e educação, sempre fizeram por estar na crista da onda. “Todos bons em cima da prancha, todos com potencial, mas o Santiago tem lá qualquer coisa especial…

Com quatro anos, não nos largava, a mim e aos irmãos, bem como aos outros miúdos a quem eu já dava formação”, confessa Miguel Graça. “Era vê-lo agarrado à prancha, sempre que estávamos na praia. E agora, aí está ele, com tudo para dar cartas neste desporto, sem perder de vista os estudos, é claro. Mas, já está bem lançado na modalidade, sob a orientação de um português, o Saca [Tiago Pires] que, sendo hoje o seu manager, foi, juntamente com o Kikas [Frederico Morais], um verdadeiro ícone do surf, ao mais alto nível, abrindo as portas do mundo às novas gerações de praticantes lusos”. Ouvido o pai, passamos a prancha para as mãos da estrela que nos guia numa conversa mano-a-mano, fim de tarde à beira-mar, tão belo na luz pardacenta que dá, até, mais ocre ao Farol do Forte de São Lourenço do Bugio, na sua designação completa. Santiago - ou, simplesmente, Santi, como é conhecido pelos seus pares - mede cada palavra pelo azimute da franqueza dos homens autênticos, numa alegria contida que lhe semicerra os olhos e lhe branqueia o sorriso.

Antes de dois dedos de prosa, ao sair das águas, neste lugar onde o Tejo e o Atlântico têm hoje encontro pouco agitado, o jovem Santi coloca a mão em pala sobre os olhos para suavizar os últimos raios de Sol que, dentro de minutos, nos abandonam num até amanhã sereno, sem ondas… Santi está a pensar, por certo, em novas emoções, novas aventuras em nome do seu talento e da vontade lusitana de ir sempre mais além do que a vista permite alcançar. “O CA pode mesmo contar comigo para navegarmos juntos nesta maré da sustentabilidade, que muito diz aos dois: ao Banco e a mim próprio. A minha geração, especialmente os meus colegas do 10.º Ano [está a estudar na variante de Artes, encantado com a fotografia], é muito sensível a este tema e à questão das alterações climáticas. E queremos participar, numa atitude correcta e que traga mais gente para caminharmos juntos e unidos na direcção certa da sustentabilidade, porque, só assim, o futuro será possível”.

As palavras saem-lhe à velocidade com que evolui num supertubo, seja em águas portuguesas ou no Hawai - a sua perdição, o seu amor confesso, onde já surfou em três momentos (os dois mais recentes aconteceram em Março e Abril deste ano), ainda que, com as devidas distâncias, o mar do Arquipélago da Madeira não deixe de ser “o nosso Hawai”, não hesita na comparação. E nós, que até estamos numa onda de fazer perguntas, ou não fosse esta peça uma entrevista, também não hesitamos em dizer-lhe que “estamos juntos” nesta caminhada de boas práticas no infinito oceano do pensar e ser e fazer sustentável. E lá simulamos um cumprimento pelos cotovelos, sinal destes tempos que, para os surfistas, até nem foi dos mais penalizantes. E ainda bem. Por isso, o nosso campeão só tem de aproveitar. Falando em campeão, o palmarés do Santi fala por si. E a ambição de fazer cada vez mais e melhor, também. Inspirado no seu maior ídolo, o norte-americano John John Florence, dará tudo por tudo para ser Campeão Nacional de Esperanças sub-16 (no ano passado, ainda com 14 anos, foi vice-campeão), voltar ao famoso Pipeline do Hawai [onde o vemos em grande estilo na capa deste número da nossa revista] e, quem sabe, a outros destinos muito apelativos como a Austrália (já lá esteve em 2020) ou a Costa Rica, cujas águas, no início deste ano, o viram brilhar e subir ao lugar mais alto do pódio na competição aberta a manobras aéreas sobre as ondas.

Sem esquecer, entre nós, o Pipeline da Europa - assim é identificada a praia dos supertubos, que colocou Peniche na rota do surf mundial -, a Ericeira e a Madeira, como anteriormente assinalámos. Curiosidade: e não há medo no momento de atacar ‘aquela onda’? Santi passa a mão pelo queixo, fita o horizonte e, agarrado à prancha e a um sorriso breve, confessa: “O medo existe para ser enfrentado; e quando conseguimos sair por cima, não há como descrever uma sensação que é mesmo única”.

São, por aqui, os caminhos de Santiago Graça.

A partilhar connosco a onda da sustentabilidade que se ergue em nome do futuro do Planeta.